sexta-feira, 3 de junho de 2016

História da semana #135 - Reencontro (parte 2)

O quinteto maravilha! Era assim que eles se chamavam quando adolescentes. Cinco jovens que percorreram toda a Galileia em busca das mais diversas aventuras e descobertas. Mas na história da vida sempre chega o momento de parar e eles pararam. Cada um foi para um lado. Cinco destinos diferentes que se destinavam a reunir-se mais uma vez e com um único propósito: Jesus. Ninguém sabia ao certo o que esperar do novo rabi que surgia na região, mas ele tinha algo diferente e um acontecimento inesperado vai forçar o reencontro dos cinco para buscar o Messias. Nessa semana, continue acompanhando a jornada de Isaías e de Rute para encontrar seus velhos amigos e descobrir quem de fato é Jesus de Nazaré.


Com o dinheiro das próximas semanas encaminhado devido a pesca maravilhosa e com a chegada de Rute e seu esposo a Cafarnaum, decidi abandonar as redes por um tempo. A chegada de minha antiga amiga foi emocionante para nós. Era uma sexta-feira a tarde quando seu barco chegou. Apesar do alto nível financeiro de seu marido, eles não quiseram procurar uma estalagem ou ficar na casa dos líderes da Sinagoga de Cafarnaum, pelo contrário, escolheram ficar em minha humilde casa. O santo Shabat chegou logo e todos descansamos naquele dia. De manhã, na sinagoga, as atenções se dividiram. O fato de um fariseu membro do Sinédrio de Jerusalém se encontrar ali atraiu a atenção de muitos, mas logo que Jesus e seus discípulos chegaram ao recinto, mesmo que de forma discreta, os olhares foram dirigidos a eles. Jairo, o líder da sinagoga na cidade, convidou Jacó, esse é o nome do marido de Rute, para ler a Torah e dizer algumas palavras. Tudo correu bem, mas no fim, os líderes foram falar com Jacó:
- Cremos que sabemos o motivo que o traz aqui. É Jesus, não é? - perguntou Jairo.
- Não posso deixar de dizer que Jesus atrai a curiosidade dos membros do Sinédrio. - respondeu Jacó.
- Pois saiba que temos tido uma postura rígida com esse novo Rabi. Seus atos não são lá muito admiráveis...
- Permita-me discordar disso - disse Jacó surpreendendo Jairo - não vejo problemas com Jesus, apesar de tudo. Mas, enfim, não foi isso que trouxe a Cafarnaum. Minha esposa é daqui e gostaria de reencontrar alguns velhos amigos. Nisso acho que você pode ajudar. Conheces alguma Ana que trabalha como cuidadora de crianças na casa de um homem rico?
- Mas que coincidência! Não é outra senão a minha empregada que cuida de Tabita, minha filha!

Naquele dia, almoçamos todos em casa de Jairo. O reencontro entre Ana e Rute, duas grandes amigas, fez muito bem as duas. O apelo feito por Jacó a Jairo deixou o líder da cidade sem opções senão liberar Ana para passar uma semana conosco. Não posso deixar de destacar aqui, também, os bons modos da doce garotinha de Jairo, Tabita, que você deve já ter ouvido falar por intermédio de outro milagre de Jesus, mas isso fica para outra história.

Findado o Shabat  os três membros do "quinteto maravilha" e seus cônjuges se empenharam em achar os outros dois membros do grupo. Que tristeza foi para nós descobrir que Ana e Oseias já não estavam juntos. Já disse antes que esta não é a história de nossos passados, mas de nosso presente, mas acho importante que o leitor saiba que Oseias, um bêbado de carteirinha, abandonou Ana. Apesar disso, Ana possuía fé em reencontrar o marido. Quanto a Joseph, irmão de Ana, ela nos surpreendeu com a boa nova de que ele se encontrava nas proximidades de Cafarnaum. Mais uma vez, senti que Deus vinha encaminhando esse reencontro. E mais uma vez o novo Rabi se encontrava no meio da história. O que acontece é que os zelotes enxergaram em Jesus um possível líder revolucionário e queriam ele em seu partido. Joseph estava na cidade para examina-lo. Apesar disso, não seria fácil encontrá-lo. Sua localização era confidencial, pois era foragido. Segundo Ana, o zelote estava impressionado com os dons Rabi. Naquela noite conversamos até altas horas sobre os velhos tempos e sobre Jesus. Seria Ele o Messias? Jacó, que entendia muito dos profetas, flertava com essa ideia, mas buscava cautela no assunto. Minha opinião era mais radical. Era óbvio para mim que o milagreiro era o Messias. Ana, empregada na casa de um líder da sinagoga, concordava com o chefe e via Jesus como um revolucionário não muito agradável.
No raiar do dia, quando o galo cantou, saímos em direção a possível localização de Joseph. Era uma vila de pescadores. Conhecia os moradores e logo eles me deram a localização do forasteiro. Ao entrarmos na cabana, não havia ninguém. Tudo escuro. De repente, entretanto, um vulto caiu sobre nós e sua mão armada com uma faca encontrou o pescoço de Jacó. Todos pararam. O zelote começou a falar:
- Falem quem são vocês ou eu mato esse fariseu!
- Somos amigos. Não viemos prendê-lo. Não nos reconhece? Sou eu, Isaías.
Joseph soltou a faca no chão, largou Jacó e fez uma cara de espanto, seguida de um apertado abraço em todos. Contamos tudo a ele. Nossa conversa nos levou a um estabelecimento onde ficavam os bêbados da região.
Joseph conhecia o lugar que não era nem um pouco agradável. Meretrizes, coletores de impostos, bêbados e apostadores dividiam o local. O dono do estabelecimento estava sentado em uma mesa jogando. Ao entrarmos todos pararam, inclusive os músicos. A presença de um membro do Sinédrio, levou o dono a vir nos receber.
- O senhor, por acaso, conhece um homem de nossa idade, baixo, de barba desgrenhada que atende pelo nome de Oseias?
Conseguimos um endereço. O reencontro do quinteto estava próximo. Entretanto, algo terrível nos surpreenderia e Jesus finalmente entraria de fato em nossas vidas.

Continua na próxima semana.

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